domingo, 1 de junho de 2008

Pense e Especule


Vivencia-se uma concepção espargida do homem contemporâneo pertencente a uma sociedade sem vínculos. Isto, torna possível, o mesmo, conectar-se e desconectar-se de um contexto social a outro, levando-o muitas vezes a perder o rumo da sua estrada e conseqüentemente vivenciar crises de referências. Seguindo essa linha de raciocínio, Costa (2000) cita como exemplo de efemeridade contemporânea o seio familiar em processo de mudança. Indaga que diferentemente do início do século XX, as famílias não mais permanecem unidas - os pais se separam, os filhos também já não mais se interessam pelo que a reminiscência legou, nem móveis, nem moral. Entretanto, como indagar esse contexto sem resvalar na simplificação? A cada cujo consumo, como precisa Weber (1967), por exemplo, que durante anos foi o abrigo caloroso para gerações inteiras de burgueses bem comportados, que passavam de pais para filhos objetos de alto valor moral, começa a mudar a partir da inserção do sistema capitalista. Destarte, Bauman (2005) carece que o capitalismo utilizando-se dos meios de comunicação como ferramenta, estende também para as massas, o que, antes, era privilégio de algumas castas religiosas, políticas e aristocratas. Isso, porém, não torna os estudiosos desse assunto defensores da macroestrutura, mas, os leva a pensar e refletir sobre o contexto social vigente.
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Bauman, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. 4º ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005, 170ppCosta, Jurandir Freire. A Ética e o Espelho da Cultura. 3º ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, 180p.Weber, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1967, 233p.

7 comentários:

Iris Sunshine disse...

Bem, o texto relata muito como encontra-se nossa sociedade atualmente, melhor, a sociedade que ele dizem serem, pois, o que prevalece entre nós é impertinente ações cuja função apenas é discriminatória e com isso causam a todos ojeriza do pior quilate.
Infelizmente esqueceram de lapidar as pessoas ao longo da democratização do nosso país.

Unknown disse...

Muito bem escrito.
Escolha de altíssimo quilate, nas palavras e no cenário de fundo.
Parabéns aos alunos responsáveis.

lagodatortura disse...

=]

[clic]_L disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
[clic]_L disse...

"conectar-se e desconectar-se de um contexto social a outro"

Hoje em dia, diante de tantos fenômenos sociais marcantes, é quase impossível vincular-se apenas a um contexto ou ideologia.
Portanto, é necessário (e por que não dizer obrigatório) demonstrar flexibilidade para as mudanças cada dia mais turbulentas e saber como administrá-las.
Essas mudanças muitas vezes, direta ou indiretamente, afetam em nossa maneira de pensar e de agir e, quando não sabemos lidar com elas ou quando nos pegam despreparados, acabam deixando seqüelas mentais.
Mas como encontrar equilíbrio em meio a tanto alvoroço? como saber administrar as mudanças? como agir dentro de um novo contexto?!
Aí entram em campo os psicólogos, psicanalistas, terapêutas, etc..

Pois é.. "sociedade, doce sociedade"

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ótimo blog, parabéns a equipe!
=)

Unknown disse...

Não concordo com algumas coisas deste texto, como por exemplo: “estende também para as massas, o que, antes, era privilégio de algumas castas religiosas, políticas e aristocratas”. Qual é o artigo de luxo que as massas andam passando de geração? Desde quando as massas enviam seus filhos para estudarem em escolas exteriores, desde quando as massas passam de geração para geração esculturas compradas no mercado negro que valem milhões?

A crise atual é a crise da civilização hegemônica. Quer dizer, é a crise do nosso paradigma dominante, do nosso modelo de relações mais determinante, de nosso sentido de viver preponderante.
Ecologia: grito da terra, grito dos pobres (L. BOFF)

Assistimos, na década passada, ao que genericamente se chama "globalização". O desenvolvimento de novas tecnologias de informação introduziu novas dimensões no espaço e tempo, radicalizando transformações na economia mundial.
Essa "globalização" tem como principal característica afetar de modo muito intenso a vida das pessoas, fenômeno inédito na História, que tornou a sociedade mais insegura. Assistimos hoje a um enorme sentimento de desconforto, como demonstram os movimentos antiglobalização, que refletem a necessidade de transformação, atendendo a alguns requisitos básicos: menos violação dos direitos humanos; menos disparidade dentro e entre nações; menos marginalização de pessoas e países; menos instabilidade das sociedades e menos vulnerabilidade das pessoas; menos destruição ambiental; menos pobreza e privação.
A parte que nos cabe: consumo descartável? (Fábio Feldmann).

desculpa um pouco o tom do comentário, mas acho que este blog possa ser um espaço pra mais discussões.

Rodolpho Lupus disse...

Movimentos sociais são o cerne vivencial do Planeta Homem. Tudo muda, tudo se transforma. O homem mais primitivo já observava isto de forma simples, em seu contexto natural e conseqüentemente em seu contexto social. Parece-nos que a entropia é o conceito que mais se avoluma à nossa frente, já que as relações humanóides tornam-se complexas a cada tempo que se esvai...
No proeminente exemplo dado, o vínculo familiar, percebe-se profundas mudanças em seu seio. Não poderia ser diferente. No Direito, temos [ou pelo menos se tinha] o seguinte conceito: Família como base da sociedade. Se a sociedade muda.... diretamente proporcional. Família hoje não sintetiza mais aquele modelo formal do século passado: Pai, Mãe, filhotes. Avolumam-se relações familiares de outros modelos: famílias monoparentais, famílias oriundas de união estável, família surgidas no vínculo homoafetivo, e por aí vai... O que se pode querer afirmar com a quebra de vínculos familiares seja isto: o mundo contemporâneo nos “avalancheia” com uma quantidade de informações sem precedentes. O tempo torna-se recurso raro, a especialização das atividades se firma. Fora isto, ainda temos outra gama de fatores: entrada da mulher no mercado de trabalho, menor número de filhos [ou mesmo sem filhos!] por casal, maior independência por parte dos filhos [quartos-mundos], etc, etc, etc.
Partindo para outro aspecto do texto, vemos a descrição das relações de consumo. O sistema capitalista está infimamente ligado a tais relações. Questiona-se a economicidade: “Para que guardar se posso ter isto ou aquilo?”, incentiva-se o gasto, a troca, a substituição do velho pelo novo. O capitalismo moldou a sociedade, a sociedade molda os vínculos.
Ressalvando, quando o texto coloca que “o capitalismo utilizando-se dos meios de comunicação como ferramenta, estende também para as massas, o que, antes, era privilégio de algumas castas religiosas, políticas e aristocratas.”, refere-se à abertura às massas de informações antes controladas pelas pela elite. Os meios de comunicação vinculam mensagens que atingem as massas de uma maneira que antes não existia. Claro que, em um aspecto negativo, isto pode levar ao inculcamento de ideologias por parte das atuais elites dominantes. Mas devemos lembrar que a Teoria da Comunicação de Massa ainda não fixou seus rumos definitivos, fruto que é de uma tecnologia em constante evolução.
É isso.
=]